Presídio no Século 19

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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O pau-brasil e Fernando de Noronha, cristão-novo.

As primeiras reservas de pau-brasil no Novo Mundo foram encontradas em meio das florestas do Caribe por Cristóvão Colombo, que fez o registro de sua existência por carta aos Reis Católicos de Espanha em 1495. Em sua terceira viagem em 1498 ele recolheu 20 quintais ou seja, pouco mais de uma tonelada de toras da madeira. Em janeiro de 1500 Pinzón chegou ao nordeste brasileiro e dali recolheu 350 quintais, 21 toneladas de pau-brasil. Depois do aportamento de Cabral alguns meses mais tarde, foi Gaspar de Lemos que levou notícias da nova terra e certa quantidade de toras da árvore ao rei de Portugal.


Especialistas europeus da época entendidos em corantes naturais diziam não ser de igual qualidade ao da Índia o pau-brasil encontrado no Novo Mundo. Porém, devido ao elevado preço do produto depois da mudança da rota maritma causada pela tomada de Constantinopla pelos turcos, o produto do Ocidente foi bem recebido.


O pau-brasil era processado na Amsterdã, na Holanda, para onde era encaminhado após chegar a Portugal. O trabalho de cortar e raspar a madeira, transdormando-a em pó, era feito por prisioneiros, sendo essa indústria monopolizada pelo governo holandês.


Nessa história do pau-brasil entrou também Fernando de Noronha, que viu grandes possibilidades no negócio, ainda mais que o rei havia prometido a proibição da importação do pau-brasil do oriente, criando-se assim um monopólio para Noronha e seu grupo de cristãos-novos.


A respeito de ser Fernando de Noronha um cristão-novo, não se chegou a uma conclusão através das pesquisas genealógicas, porém uma carta escrita em 1506 por comerciante italiano de nome Lunardo de Cha Masser, morador de Lisboa, diz num trecho:


"O referido pau-brasil foi concedido a Fernão de Loronha, cristão-novo, durante dez anos por este Sereníssimo rei, por quatro mil ducados ao ano; o qual Fernão de Loronha manda em viagem todos os anos à dita Terra Nova os seus navios e homens, a expensas suas, com a condição que este Sereníssimo rei proíba que daqui em diante se extraia da Índia".


A referida carta traz outros detalhes do acordo do rei com Fernando de Noronha, que lhe daria um lucro líquido anual de 36 mil ducados.


Nos arquivos portugueses, Fernando de Noronha ou Fernão de Loronha aparece pela primeira vez numa carta de quitação de débitos assinada pelo rei D. Manoel em 26 de março de 1498. Chegou a Portugal vindo de Artúrias, Espanha, e sua família era originária da Inglaterra, possivelmente da região de Lotheringen, na fronteira com a Escócia. Não sabemos ainda se havia judeus nessa região da Inglaterra, o que poderia confirmar suas origens judaicas.


Antes de 1500 Loronha (é este o sobrenome correto) esteve negociando pimenta- malagueta, sendo um dos principais negociantes desse produto em Portugal, juntamente com o banqueiro florentino, Bartolomeu Marchioni. Ele se tornou também armador, enviando por conta própria navios à Índia após o descobrimento da nova rota.


Em 1504 ele se tornou donatário da ilha que mais tarde recebeu o seu nome, a primeira capitania hereditária do Brasil, que até meados do século 17 pertenceu a seus descendentes.


Não é provável a vinda de Fernão de Loronha para o Brasil numa primeira expedição , pois sua rede de negócios internacionais estava centrada em Portugal. Entretanto ele permaneceu ligado ao negócio do pau-brasil, sendo seus navios enviados ao Brasil até 1511, pelo menos. Em 1524 ele morava em Lisboa. Naquele ano o rei D. João III, sucessor de D. Manoel, o fez fidalgo de armas, presenteando-o com um brasão especial.
Fonte de pesquisa: Eduardo Bueno, Terra Brasilis, vol.2, Náufragos, Traficantes e Degredados, fls. 60 a 64. Editora Objetiva-RJ.

Um comentário:

  1. Não deixem de conhecer o Eduardo Bueno, jornalista e escritor, através de suas aulas em vídeo no Youtube.

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