Presídio no Século 19

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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Um Registro Histórico do Batismo de Gabriéla

Este é um fragmento do registro de batismo de minha bisavó, evento ocorrido em 18 de outubro de 1871. Naquela ocasião foram batizadas sete crianças. As últimas nascidas escravas na Fazenda da Bemposta (na margen esquerda do manuscrito encontra-se a notação do nome da fazenda e o nome das crianças). A cerimônia solene se deu na Fazenda de S. Thomaz, na mesma freguezia de Santa Rita do Rio Negro. Aí foi selado o destino de Gabriéla: devota de Santa Rita de Cássia. Mais tarde ela aprenderia a orar pela sua Liberdade.
Clicar na imagem para ampliar e visualizar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gabriéla Maria de Jesus, Cantagalo, 1870

Gabriela, minha bisavó, nasceu no dia 19 de dezembro de 1870, num distrito de Cantagalo denominado Santa Rita do Rio Negro, hoje conhecido como Euclidelândia, nome dado em homenagem ao escritor Euclides da Cunha, que ali nasceu na Fazenda Saudade. Gabriela teve como pais Gabriel e Thereza. Conforme está registrado em seu assento de batismo, que foi realizado no ano seguinte ao seu nascimento, juntamente com outras seis crianças da mesma fazenda - a Bemposta, foi filha legítima, embora tenha nascido escrava, como eram seus pais.
Minha mãe, sua neta, informou-nos que Gabriela teve mais duas irmãs, Justina e Clemência, cujos registros de batismo estou tentando localizar no mesmo distrito, ou nas redondezas daquele lugar. Pode ser que Justina e Clemência tenham deixado descendentes. Andei sondando em Boa Sorte, distrito desmembrado de Euclidelândia, onde se localiza hoje a Fazenda da Bemposta. Mais à frente, falarei um pouco dessa fazenda, de seus tempos de glória.
Gabriela nasceu no período do ciclo do café naquela região de Cantagalo e viveu ali até 1882, quando havia completado 12 anos. Então foi transferida para Minas Gerais, sendo forçada a deixar a família para trás. Seu destino foi a cidade de Descoberto, conforme registros memoriais, tendo ela se mudado para Visconde do Rio Branco após ganhar a liberdade, acompanhando algumas famílias que para lá se transferiram.
Quando examinamos hoje a descendência de minha bisavó assentada em regiões de Minas Gerais (Visconde do Rio Branco, Viçosa, Ponte Nova, Ouro Branco e Belo Horizonte), São Paulo e Paraná, sentimos que as condições desfavoráveis à sua existência foram a chave para a sua grande vitória, que foi deixar uma parcela da nossa população com a marca de seu verdadeiro valor, que é o valor da gente africana. Já em Visconde do Rio Branco, Gabriela contribuiu com seu trabalho na lavoura. Foi cozinheira e, nas horas de folga, parteira, o que era ainda usual nos finais do século 19 e primeiros anos do século 20. Onde aprendeu isto, não sei.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Genealogia e História do Brasil: Judeus e Cristãos Novos

Nenhum trabalho de genealogia pode dispensar o estudo da real história do Brasil, agora disponível através de diversas e importantes obras produzidas após intensas pesquisas nos arquivos hoje abertos aos historiadores, tanto no Brasil como em Portugal. Um dos assuntos mais fascinantes é a história dos cristãos novos, que originariamente formavam uma grande comunidade de judeus na Espanha, país ainda em formação. Experientes em negócios, finanças, agricultura, navegação, ciência e religião, pois representavam um cultura milenar, passaram a causar certo incômodo, gerando um problema político e social. Possivelmente havia o receio de que dominassem a região, pois muitos tornaram-se ricos e donos de propriedades, e influentes em muitos casos. Fazendo um leitura dessa história europeia, em que estava envolvido Portugal, e depois Espanha, percebe-se que possivelmente por trás das grandes navegações está também o dedo de judeus ricos que podem ter financiado esse empreendimento, em parte, pois era um negócio altamento rendoso. Primeiro as especiarias e outros produtos. No Brasil, o pau-brasil. Certamente esses judeus não estavam somente na Espanha. Espalhados pelo mundo, podiam estar na Espanha (uma grande comunidade), em Portugal, Itália e Holanda. Onde houvesse um excelente núcleo econômico, pois eram inteligentes e empreendedores, aí estavam eles. Expulsos da Espanha em 1492, por uma aparente perseguição religiosa, entraram em massa em Portugal onde o batismo na Igreja Católica foi obrigatório. Disse então o rei para todo o mundo ouvir: "Aqui não há judeus, só cristãos". Esperto, o regente não lhes criou grandes problemas e os manteve segundo o interesse da Coroa, pois deles cobrava impostos de tudo. Gado, propriedades, agricultura, etc. A Inquisição por volta de 1492 já pousava suas asas diabólicas nas redondezas. Perseguição, prisão, confisco de bens, terror, torturas e morte na fogueira. A vinda dos judeus cristãos novos para o Brasil ainda não é, ao que parece, uma história contada nas escolas. Eu soube desse assunto recentemente, quando meus cabelos já haviam se tornando levemente prateados, "going grey", como me ensinou minha professora de inglês. Hoje os estudiosos nos revelam com quase cem por cento de acerto, que os tais "portugueses" que iniciaram a colonização do Brasil, eram esses cristãos novos, que foram perseguidos até neste país pela Inquisição, sob a acusação de continuar a praticar o seu judaismo milenar e sagrado. Apesar de tudo eles movimentaram os engenhos de açúcar no nordeste, a mineração, em Minas Gerais principalmente e o negócio do plantio do café; foram ricos mais uma vez, influentes e Barões nomeados pelo imperador, no período que vai do século 16 a 19. De uma maneira ou de outra, não podemos dizer que temos hoje cristãos novos, mas descendentes. Existem listas de nomes contendo parte dos cristãos novos que viviam no Brasil. Se não havia no princípio o elemento feminino disponível, os "casamentos" foram realizados informalmente com as indígenas, e em muitos casos com as escravas africanas, que já estavam no Brasil a partir do século 16. Essa formação da população brasileira é notável e o exame dos componentes raciais contidos nos exames de DNA, hoje possível, revela aquilo que os livros não falam e que a população esqueceu, ou lhe foi ocultado. Poucas pessoas no Brasil podem se declarar "caucasianos" puros. Segundo li, somente os primeiros descendentes de italianos nascidos no Brasil, de primeira geração, como exemplo. Da segunda geração em diante, o exame do DNA pode revelar o que aparentemente se revelava impossível: uma certa dose de sangue indígena ou africano, ou ambos. Mas o assunto relativos aos italianos é mais recente, pois aqui chegaram nos anos finais do século 19. Quando faço a minha genealogia, tenho como base minha raiz africana, tanto pelo lado de meu pai quanto de minha mãe. Porém, como sempre acontece na formação das raças por miscigenação, na minha família, até agora, ainda ocorre interferências raciais estranhas à sua pureza africana original. Isto é inevitável, pois vivemos num país livre e extraordinário em todos os sentidos. Finalizando, quero dizer que a inluência dos cristãos novos desde Portugal se fez notar em todos setores da vida humana, inclusive religioso. Muitos deles ingressaram nas ordens religiosas da Igreja, e essa influência, em muitos casos, pode ser positiva ainda hoje.
Abraços.
Recomendo os seguintes sites contendo alguns dos assuntos acima:

terça-feira, 25 de agosto de 2009

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Genealogia, uma busca espiritual

Olá! Finalmente começo o meu blog, que tem como objetivo proporcionar um contato mais íntimo como todos os membros de minha família e meus amigos, para despertar um real interesse na busca de nossas raízes. Para estarmos mais juntos nessa busca fascinante de nossos antepassados. Chamo isso de uma busca espiritual, a busca do espírito que moveu nossa própria existência. Que misteriosamente nos colocou exatamente no ponto em que nos encontramos.
Também ofereço este blog a todas as pessoas que, encontrando esta página, possam estar conosco, trazendo sua opinião e sua colaboração. O assunto central deste blog é Genealogia, porém este é um grande motivo para nos encontrarmos sempre. Outros assuntos serão apresentados, desde que tenham a ver com nossa família, nossos amigos, nossas tradições, o Brasil e o mundo.
Um dos ramos de nossa família é o de Gabriela Maria de Jesus, nascida no Estado do Rio de Janeiro (1870). Ela foi a mãe de Antônia Maria de São José (1883), Paulino José de Souza (1888), Flauzina Maria Gabriela (1889) e Missias (1891). Ela teve uma passagem por Descoberto de São João Nepomuceno e depois foi para Visconde do Rio Branco, Minas Gerais.
Outro ramo é o de Josepha Maria de Jesus (1873), que se casou primeiramente com Belisário Francisco das Chagas (1862), tendo seus seis primeiros filhos. Viúva, ela se casou com o baiano João Teixeira de Aguiar (1859). A região de Josepha, mãe de meu pai Manoel, parece ser mesmo Cataguases, mas ela pode ter nascido em algum distrito dessa região ou Leopoldina. Tivemos notícia que ela tinha parentes em Descoberto de São João Nepomuceno, Minas Gerais, o que coloca seu ramo familiar mais próximo do primeiro. Pode ser que estivessem juntos, num dado momento, na mesma cidade. Ambos os ramos são essencialmente de origem rural.
A Gabriela nasceu escrava em Cantagalo. Josepha foi ventre livre, talvez. Seus dois maridos podem ter sido escravos, pois nasceram em 1862 e 1859, respectivamente.
Todos os registros que temos até agora tornam a nossa história muito especial. Com muitas lutas, algum sofrimento e muitas vitórias.
Um abraço em todos e sejam bem vindos!