Presídio no Século 19

Presídio no Século 19
Matriz

Pesquisar este blog

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Gabriéla Maria de Jesus, Cantagalo, 1870

Gabriela, minha bisavó, nasceu no dia 19 de dezembro de 1870, num distrito de Cantagalo denominado Santa Rita do Rio Negro, hoje conhecido como Euclidelândia, nome dado em homenagem ao escritor Euclides da Cunha, que ali nasceu na Fazenda Saudade. Gabriela teve como pais Gabriel e Thereza. Conforme está registrado em seu assento de batismo, que foi realizado no ano seguinte ao seu nascimento, juntamente com outras seis crianças da mesma fazenda - a Bemposta, foi filha legítima, embora tenha nascido escrava, como eram seus pais.
Minha mãe, sua neta, informou-nos que Gabriela teve mais duas irmãs, Justina e Clemência, cujos registros de batismo estou tentando localizar no mesmo distrito, ou nas redondezas daquele lugar. Pode ser que Justina e Clemência tenham deixado descendentes. Andei sondando em Boa Sorte, distrito desmembrado de Euclidelândia, onde se localiza hoje a Fazenda da Bemposta. Mais à frente, falarei um pouco dessa fazenda, de seus tempos de glória.
Gabriela nasceu no período do ciclo do café naquela região de Cantagalo e viveu ali até 1882, quando havia completado 12 anos. Então foi transferida para Minas Gerais, sendo forçada a deixar a família para trás. Seu destino foi a cidade de Descoberto, conforme registros memoriais, tendo ela se mudado para Visconde do Rio Branco após ganhar a liberdade, acompanhando algumas famílias que para lá se transferiram.
Quando examinamos hoje a descendência de minha bisavó assentada em regiões de Minas Gerais (Visconde do Rio Branco, Viçosa, Ponte Nova, Ouro Branco e Belo Horizonte), São Paulo e Paraná, sentimos que as condições desfavoráveis à sua existência foram a chave para a sua grande vitória, que foi deixar uma parcela da nossa população com a marca de seu verdadeiro valor, que é o valor da gente africana. Já em Visconde do Rio Branco, Gabriela contribuiu com seu trabalho na lavoura. Foi cozinheira e, nas horas de folga, parteira, o que era ainda usual nos finais do século 19 e primeiros anos do século 20. Onde aprendeu isto, não sei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário